sexta-feira, 21 de junho de 2013

2º OFICINA DE MÚSICA: TELEVISÃO TITÃS

TELEVISÃO
Letra: Arnaldo Antunes; Marceloo Frommer e Tone Belotto.
Música: Titãs

A Televisão
Me deixou burro
Muito burro demais
Oi! Oi! Oi!
Agora todas coisas
Que eu penso
Me parecem iguais
Oi! Oi! Oi!...
O sorvete me deixou gripado
Pelo resto da vida
E agora toda noite
Quando deito
É boa noite, querida....
Oh! Cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro
Que o espirro
Fosse um vírus sem cura
Vê se me entende
Pelo menas uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!...
A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oi! Oi! Oi!
A luz do sol me incomoda
Então deixa
A cortina fechada
Oi! Oi! Oi!
É que a televisão
Me deixou burra
Muito burra demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais...
Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe!...
A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada
Oi! Oi! Oi!
A luz do sol me incomoda
Então deixo
A cortina fechada
Oi! Oi! Oi!...
É que a televisão
Me deixou burra
Muito burra demais
E agora eu vivo
Dentro dessa jaula
Junto dos animais...
E eu digo:
Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura
Vê se me entende
Pelo menos uma vez
Criatura!
Oh! Cride, fala pra mãe...
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!



Análise:
A televisão chega à década de 50 ao Brasil, e, causa grande impacto no que diz respeito ao comportamento, aos valores que a sociedade emergente brasileira estava passando. A televisão vai “dizer/determinar” o que o povo tem que fazer, de que forma devem se comportar. E o que isso tem haver com Imperialismo? O Imperialismo surge como um movimento originário dos países industrializados da Europa, Estados Unidos.  No que diz respeito ao Brasil, notamos uma agressiva força do imperialismo não só naquela dicotomia, de dominado e dominador, mas de representação de absorção de cultura norte-americana, dos valores, do próprio cotidiano Norte-Americano.
Trouxemos a música Televisão do grupo musical Titãs, de composição de Tonni Bellotto, Arnaldo Antunes, para demonstrar uma das maneiras mais explicitas de imperialismo cultural norte-americano sobre o modo de vida da sociedade brasileira.  A música nos apresenta, sem muitas dificuldades, em seus trechos bordões do dia-a-dia, dos valores que a sociedade brasileira adquiriu a partir da televisão com cenário de um ideal de vida.

“A televisão me deixou burro, muito burro demais agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais”. Tudo o que o sujeito dessa letra pensa lhe parece igual. Será por que ele só pensa as mesmas coisas, ou será por que, devido à televisão, todas as coisas, por mais diferentes que possam ser, são estranhamente igualadas em sua percepção? Parece que o eu dessa canção está nos dizendo que sua mente se assemelhou a uma tela de televisão, em que todas as imagens desfilam como que chapadas, por mais distintas que possam parecer.
Quase no final da letra você pode observar uma interessante inversão sintática, com o sujeito posposto ao predicado. Este pequeno um processo de animalização.
Com isso, os Titãs estão nos dizendo que o telespectador em geral é presa da televisão, que ele se torna refém dela. Na verdade, o verso "meu coração captura" deve ser lido antes como "meu coração é capturado". Essa leitura é perfeitamente autorizada pela letra. Captar aqui é ser capturado, é perder o espírito crítico. Isso ocorre a ponto de todas as imagens lhe parecerem iguais, ou seja, a ponto de as imagens, de pessoas, natureza, objetos ou que for, permanecerem chapadas, sem consistência. Na verdade, é como se ocorresse uma espécie de desumanização também das imagens, e não só do telespectador. Na televisão, as coisas perderiam sua integridade, sua substância.
O termo "televisão", ver à distância, passa a significar, portanto, não ver. O espetáculo pode não ser a realidade. A telinha pode funcionar como um meio de ofuscamento.
O telespectador ficou inerte, e qualquer clarão o incomoda. Há aqui por certo uma brincadeira com aquele tipo de situação em que apagamos as luzes, fechamos totalmente a janela do quarto ou da sala para assistir a um filme, pois o ambiente escuro como que tornaria a imagem mais nítida. A essa escuridão o letrista dá um sentido figurado: não só a sala, mas a mente também está escura. Tão acostumada às sombras, que contrai imediatamente os olhos ao mais ameno raio de luz. E você, como assiste televisão? Você fica atento para a linguagem utilizada, para os preconceitos que podem vir embutidos, para os erros de lógica cometidos, para as falsificações? Se responder com uma negativa a dois itens ou mais, então você precisa refletir um pouquinho sobre essa música. E como você pode se armar para ver televisão? Transformando-se num espectador ativo, que não engole facilmente o que vê. Um conselho: leia jornal e sobre tudo livros, multiplique os prazeres no seu lazer. “Veja a vida lá fora e não arregale tanto os olhos para assim" que capturado o é para ser antena.







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