Peça: Caminhos do Sertão

CENA 1:

JOÃO ENTRA EM CENA POSICIONA-SE NO CENTRO DO PALCO.

JOÃO: ESPERO A CHUVA CAIR DE NOVO. PRA MIM VORTAR PRO MEU SERTÃO. (CANTAROLANDO, AJOELHADO NO CHÃO COM AS MÃOS PARA CIMA – MÚSICA DE LUIZ GONZAGA).

A TELA DE FUNDO DA PRIMEIRA CENA SERÁ A FOTO DO DIA E DA NOITE ALTERNANDO DE SEGUNDO EM SEGUNDO. E JOÃO PARADO OLHANDO O TEMPO PASSAR, A TROCA DE CENÁRIO DARÁ A IDEIA DE QUE O TEMPO ESTÁ PASSANDO.

NARRADOR: NO SERTÃO MALTRATADO PELA FALTA DE AGUA ANDOU. JOÃO SOLITÁRIO, AGUA E COMIDA, COMEÇOU A QUERER. MEDO ELE TINHA, NÃO TINHA, PELO PIOR JÁ PASSOU. MAS A ESPERANÇA ESSA NÃO PODIA MORRER.

NESSE MOMENTO A TELA DE FUNDO SERÁ A FOTO DO GANHADOR DO CONCURSO PARAÍBA DOS SEUS OLHOS DE 2012 CATEGORIA PROFISSIONAL. JOÃO DE ACORDO COM QUE O NARRADOR FOR CITANDO VAI SE DEITAR NO CHÃO E DORMIR.

NARRADOR: SEM CAMINHO CERTO ANDOU, CORREU, PAROU. SEM SINAL DE SALVAÇÃO, SEM SINAL DE VIDA. SOB O CÉU DO SERTÃO, DORMIU, SONHOU. QUE IA ENCONTRAR UMA AMIGA.

TELA DIA.

JOÃO ACORDA E COMEÇA A CAMINHAR LOGO EM FRENTE ENCONTRA MARIA E MARINA.

JOÃO: MOÇA, MOÇA.

AS DUAS GAROTAS OLHAM, OS TRÊS SE APROXIMAM.

JOÃO:EU ESTOU A PROCURA DE ÁGUA.

MARIA: NÓS TAMBÉM. OUVIMOS FALAR QUE NA CIDADE DO GADO MANSO, TODOS TEM ACESSO A ELA.

MARINA: AGENTE ESTAR INDO PARA LÁ, VOCÊ NÃO QUER IR COM AGENTE. (SE INSINUAR PARA JOÃO).

JOÃO: SE EU NÃO FOR MORRO DE SEDE.

DÃO OS BRAÇOS E CAMINHAM AO SOM DA MUSICA.

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CENA 2

NARRADOR: CHEGANDO A TÃO FALADA CIDADE DE GADO MANSO, ONDE SE OUVIRÁ TANTO FALAR NO LÍQUIDO PRECIOSO A QUE TANTO ALMEJAVA-SE, OS TRES RECENTES AMIGOS UNIDOS PELA VONTADE DE SOBREVIVÊNCIA, DEPARARAM-SE COM UMA CENA  QUE, GEROU EM SEUS CORAÇÕES TRISTEZA E DESILUSÃO. NO MEIO DA PRAÇA DA CIDADE DISCURSANDO EM TOM ARROGANTE ENCONTRAVA-SE UM HOMEM ROBUSTO DE CABELOS GRISALHOS E TERNO BRANCO, SEU NOME ERA CETEMBRINO, MAIS CONHECIDO COMO O TEMIDO CORONEL CETEMBRINO. ATENTOS AO QUE ELE DIZIA MARIA, MARIANA E JOÃO OUVIAM:

CEL. CETEMBRINO: SENDO EU DONO E PROPRIETÁRIO DAS TERRAS QUE FOI DE MINHA FAMÍLIA E ESTANDO O AÇUDE DE AGUAS CLARAS NA MINHA PROPRIEDADE  DIGO AGORA PRA NUNCA MAIS REPETIR QUE AQUELE QUE RELAR A MAO NUMA GOTA DE ÁGUA DELE SEM A MINHA PERMISSÃO HAVERÁ DE PAGAR MUITO CARO. DIGO AQUI EM PAÇA PRA MODEVOCES OUVIR PRA QUE DEPOIS CABRA NENHUM VENHA DIZER QUE CORONEL CETEMBRINO NUM AVISOU.

(INCOMODADA COM O QUE OUVIA MARIA OLHA PARA O LADO E PERGUNTA AO SOLDADO QUE FAZIA A GUARDA ALI POR PERTO)

MARIA: MOÇO, VIM DE LONGE E OUVI DIZER QUE AQUI PRAS BANDAS DE GADO MANSO, O QUE NÃO HAVERÁ DE FALTAR ERA AGUA, MOÇO OUVI QUE QUEM AQUI CHEGAVA, NUNCA MAIS NESSA VIDA SABIA O QUE ERA SECA. MAS ASSIM QUE CHEGUEI ESCUTEI AQUELE HOMI LÁ DIZER QUE AI DO CABRA QUE RELAR A MÃO NA AGUA DAS TERRAS DELE.

(NUM SOBRESSALTO O SOLDADO QUE TINHA POR NOME FELISBERTO RESPONDE:)

FELISBERTO: OXE AGUA TEM É MUITA AQUI EM GADO MANSO MAIS ELA TA TODINHA NAS TERRAS DE CORONEL CETEMBRINO E SE ELE DISSE QUE SO TEM AGUA AQUELE QUE PEDIR A ELE, O QUE ELE DISSE É LEI, E TEM MAIS QUEM A MOCINHA ACHA QUE É PRA CHEGAR NA TERRA DOS OUTROS QUERENDO O QUE NUM LHE PERTENCE ?

(NESSE MOMENTO MARIANA PUXA MARIA E DIZ EM DIREÇÃO AO SOLDADO)

MARIANA: ELA NUM TA PENSANDO NADA NÃO SEU MOÇO, DE CERTO FOI O SOL QUE DEIXOU ELA ASSIM

(E VIRANDO-SE PARA MARIA DIZ EM BAIXO TOM)

MARIANA: OXE MULHER TAIS BESTANDO É?  FICA NA TUA, TAMBÉM NUM GOSTEI DO QUE OUVI MAIS POR ENQUANTO TAMO EM TERRA QUE NOS NÃO CONHECE.

(E MARIA RESPONDE)

MARIA:TA CERTO ANA, MAIS NUM ANDEI ISSO TUDO PRA MODE CHEGAR AQUI E NÃO TER NEM SE QUER DIREITO DE VER AGUA QUEM DIRÁ USA ELA

NARRADOR: ENQUANTO ISSO JOÃO DE TÃO APERREADO COM O QUE OUVIU, VIROU-SE PARA O LADO E SEM ESPERAR, NAQUELE EXATO MOMENTO VIU UMA MOÇA DE SORRISO LEVE, CABELOS ENCARACOLADOS AO VENTO E OLHAR QUE CHEGAVA A DOER DE TÃO BONITO QUE ERA. A MOÇA SORRIA ENQUANTO OLHAVA AS RENDAS DE DONA SINHÁ. QUE POR SINAL ERA MELHOR RENDEIRA DA REGIÃO. E SEM SABER O QUE DIZER HIPNOTIZADO.

(COM A BELEZA DA SERTANEJA, JOÃO APROXIMA-SE , TIRANDO-LHE O CHAPÉU APRESENTA-SE)

JOAO: BOM DIA MOÇA. ESSE HOMEM POR ACASO É DOIDO? TANTA AGUA ELE TEM E MÃO QUE DIVIDIR COM NINGUÉM

TEREZA: CONCORDO CARO SENHOR, O EGOÍSMO DELE É INTOLERÁVEL.

JOÃO: MOÇA VOCÊ FALA BONITO. E É MUITO BONITA

(SILENCIO, UM OLHANDO NOS OLHOS DO OUTRO.)

(SÃO INTERROMPIDOS POR UM GRITO)

SEBASTIANA: TEREZA VENHA PRA CA, TU NUM SABE QUE PAINHO NUM GOSTA QUE AGENTE SE MISTURE COM ESSE TIPO DE GENTE.

TEREZA: TENHO QUE IR.

CENA 3

SEBASTIANA: PAPAI NÃO QUERO FAZER FUXICO, MAS VI TEREZA HOJE SE ENGRAÇANDO PRO LADO DE UM MOÇO, FEDORENTO, SUJO, MAGRO, E FEIO. ACHO QUE NEM DAQUI ELE ERA.

(O CORONEL ESTAVA SENTADO NA SUA CADEIRA FUMANDO SEU CHARUTO)

CEL. CETENBRINO: TEREZAAAAAA. (GRITA)

TEREZA: QUE FOI MEU PAI?

CEL. CETENBRINO: QUE HISTÓRIA É ESSA DE VOCÊ TA DE CONVERSA COM VAGABUNDO SUJO E FEDORENTO?

TEREZA: PAI SE ELE ERA SUJO E FEDORENTO É POR QUE O SENHOR NÃO LIBERA A AGUA PARA OS POBRES TRABALHADORES. E QUANDO LIBERA, É POR MUITO DINHEIRO. (FALA DE FORMA GROSSEIRA)

TEREZA: MEU PAI RECONSIDERE O SENHOR TEM MUITA ÁGUA, LIBERE UMA PARTE PARA ESSES POBRES COITADOS QUE VIVEM POR AQUI. (FALA DE FORMA MANSA)

CEL CETEMBRINO: JÁ CHEGA, OUVI DEMAIS, MULHER DA MINHA FAMÍLIA NÃO ABRE A BOCA PARA DAR PALPITE. EU TENHO O PODER AQUI, O DELEGADO ESTÁ DO MEU LADO. E NÃO É VOCÊ QUE VAI FALAR O QUE VOU FAZER.

(IRRITADA TEREZA DIZ.)

TEREZA: POIS, SE NÃO QUER PERDER UM POUCO DE ÁGUA, VAI PERDER A SUA FILHA.

(TEREZA LEVA UM TAPA DO PAI.)

CEL. CETENBRINO: NUNCA MAIS ME AMEASSE.

(TEREZA SAI CORRENDO DA SALA)

(DURANTE TODA DISCURSÃO DO PAI COM A FILHA SEBASTIANA FICA COM UMA EXPRESSÃO DE FELICIDADE)

SEBASTIANA: PAINHO, O SINHÔ NÃO DEVIA TER DEIXADO ELA ESTUDAR NA CIDADE, ELA VOLTOU CHEIA DE CARAMINHOLAS NA CABEÇA.

(SEBASTIANA TAMBÉM SE RETIRA)

CENA 4

NARRADOR: TEREZA ANGUSTIADA, MULHER FORTE, NÃO PENSOU DUAS VEZES, CHEGOU O MOMENTO DE LUTAR CONTRA A TIRANIA DE SEU PAI. NAQUELA PEQUENA CIDADE NO MEIO DO SERTÃO, ONDE O PODER ESTAVA CONCENTRADO NA MÃO DE POUCOS IRIA SOFRER UMA MODIFICAÇÃO. O POVO IRIA GANHAR VOZ, E A DIGNIDADE DEVOLVIDA AS PESSOAS DE BEM QUE LUTAVAM TODOS OS DIAS POR SUA SOBREVIVÊNCIA, QUE TRABALHAVAM DURO PARA COMPRAR AGUA CARA.

(AO CHEGAR NA PEQUENA CIDADE, AS PESSOAS ESTAVAM REUNIDAS TRAMANDO UMA MANEIRA DE CONSEGUIR MUDAR A SUA SITUAÇÃO, JOÃO INCENTIVAVA A LUTA)

JOÃO:NOS TEMOS QUE LUTAR, NÃO PODEMOS FICAR ASSIM MINHA GENTE.

MARINA: ELE TEM RAZÃO.

MARIA: NOS VINHEMOS DE MUITO LONGE E SOFREMO DEMAIS, NUM PODEMO FICAR ASSIM NÃO.

MORADOR DA CIDADE: NÃO TEM QUE POSSA COM ELE NÃO, ATÉ O DELEGADO TA COM ELE.

JOÃO: TEM SIM, UM NÃO PODE, MAS SE TODOS LUTAR AGENTE CONSEGUE.

TEREZA: TEM RAZÃO JOÃO.

(TODOS VIRAM EM DIREÇÃO DELA)

MORADOR DA CIDADE 2: TU NÃO É A FILHA DO CORONEL? O QUE OCE TA FAZENDO AQUI?

MORADOR DACIDADE 3: VOCÊ VEIO VIGIAR A GENTE!

TODOS MENOS JOÃO: ÉÉÉÉÉÉÉ

JOÃO: VOCÊ É FILHA DELE?

TEREZA: SOU SIM, MEU NOME É TEREZA. EU NÃO QUERO ESPIONAR NINGUEM EU VIM POR QUE NÃO SUPORTO AS IDEIAS DO MEU PAI.

JOÃO: EU ME CHAMO JOÃO.

MARINA: COMO PODEMOS SABER QUE PODEMOS CONFIAR EM TU, SUA BRANQUELA.

(MARIA PUXA O BRAÇO DE MARINA A REPREENDENDO)

TEREZA: EU SEI COMO PODEM ENTRAR NA FAZENDA DO MEU PAI E O CAPTURÁ-LO, MAS VOCÊS VÃO TER QUE PROMETER QUE NÃO VÃO FAZER MAL A ELE!

JOÃO: PODE DEIXAR MOÇA, NÃO IREMOS FAZER NENHUM MAL A SEU PAI. MESMO ELE SENDO O HOMEM QUE É. SOMOS GENTE DE BEM, O QUE AGENTE QUER MESMO É TER DIREITO A AGUA, COISA BOA DA NATUREZA QUE DEUS NOSSO SENHOR DEIXOU PRA TODO MUNDO.

MARIANA: É ISSO MESMO SOMOS GENTE DE BEM, DIFERENTE DE SEU PAI...

(TEREZA NÃO DÁ ATENÇÃO A FALA DE MARIANA E PROSSEGUI)

TEREZA: PESSOAL É O SEGUINTE QUANDO, ASSIM QUE DÁ A HORA DO ALMOÇO OS CAPANGAS DO MEU RECOLHEM-SE TODOS NA COZINHA DA CASA GRANDE, ELES SEMPRE VÃO PELOS FUNDOS. DESSA FORMA FICA FÁCIL DE TODOS ENTRAREM E EXIGIREM O QUE É DE DIREITO DE VOCÊS, AS ÁGUAS DOS AÇUDES.

NARRADOR: GANHANDO A CONFIANÇA DE TEREZA JOAO MARIANA E MARINA JUNTO COM OS DEMAIS DA CIDADE SEGUEM PARA FAZENDA DO CORONEL. CHEGANDO LA ELES ATESTAM O QUE TEREZA HAVIA FALADO. OS CAPANGAS DE CORONEL CETEMBRINO NÃO ESTAVAM NA ENTRADA, COM ISSO PUDERAM PASSAR LIVREMENTE. TODOS SE POSICIONARAM E COMEÇARAM A REIVINDICAR O DIREITO À ÁGUA. A CASA DO CORONEL ESTAVA CERCADA, MAS ELE NÃO SE DEU POR VENCIDO.

TODOS: QUEREMOS ÁGUA, QUEREMOS ÁGUA.

CEL. CETENBRINO: QUE VOCÊS PENSAM QUE SÃO SEUS BANDOS DE POBRES ATREVIDO? QUE DESATINO É ESSE? VOCÊS NÃO TEM MEDO DA MORTE? SÓ ERA O QUE ME FALTAVA.

(VIRA PARA OS SEUS CAPANGAS E DIZ)

CEL. CETENBRINO: E VOCÊS BANDO DE MOLENGAS O QUE ESTÃO ESPERANDO VÃO, ACABEM COM ESSES DOIDOS, VÃO. E NÃO TENHAM PENA DE NEM UM SEQUER. (FALA EXALTADO)

(COMEÇA A LUTA CORPORAL, ENTRE OS DOIS GRUPOS, ATÉ ENTÃO O CORONEL NÃO HAVIA PERCEBIDO QUE SUA FILHA ESTAVA ENTRE OS REVOLUCIONÁRIOS)

(O CORONEL VÊ SUA FILHA EM MEIO A CONFUSÃO: ELE ESTÁ ASSISTINDO DE LONGE JUNTO COM SUA FILHA MAIS NOVA)

CEL. CETENBRINO: SEBASTIANA? AQUELA A SUA IRMÃ.

SEBASTIANA: É SIM PAINHO.

(JOÃO VÊ QUE SUA AMADA ESTA EM APUROS, MAS ELE SOZINHO ESTÁ LUTANDO COM DOIS.)

(O CORONEL COMEÇOU A FICAR NERVOSO, E NÃO TIRAVA OS OLHOS DE SUA FILHA, QUANDO DE REPENTE ELE À VÊ SENDO GOLPEADA).

CEL. CETENBRINO: NÃOOOOOOOOOOOOO. (ELE GRITA, E SAI CORRENDO EM DIREÇÃO A SUA FILHA, SUA OUTRA FILHA O SEGUE.)

CEL. CETENBRINO: PAREM SEUS IMBECIS, PAREM.

(TODOS PARAM E OS OLHARES SÃO VOLTADOS PARA TEREZA, DEITADA NO CHÃO, SANGRANDO.)

CEL. CETENBRINO: MINHA FILHA O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO NO MEIO DESSE POVO?

TEREZA: PAI, OLHE PARA ESSE POVO.

(O CORONEL OLHA PARA TODOS DE UM EM UM)

TEREZA: ELES TEM SEDE, ELES QUEREM VIVER, ELES QUEREM SER FELIZ ASSIM COMO NÓS SOMOS.

CEL. CETENBRINO: MINHA FILHA, SEMPRE LHE ADIMIREI SUA CABRITA. TA COM A MOLESTA, VOCÊ SEMPRE COM ESSA MANIA DE ME AFRONTAR, VOCÊ PARECE SUA MÃE, SEMPRE LUTANDO POR ESSE POVO. O QUE ESSE POVO TEM DE ESPECIAL?

(TEREZA LEVANTA E TODOS PERCEBEM QUE O CORTE FOI SUPERFICIAL.

TEREZA: ELES SÃO COMO NOS. E ENQUANTO TIVER VIDA VOU LUTAR PELA IGUALDADE, E PELA DIGNIDADE.

CEL. CETENBRINO: TA BOM MINHA FILHA, SE É ASSIM VOCÊ VENCEU, A ÁGUA SERÁ LIBERADA, MAS NÃO SE ANIME NÃO, QUE SERÁ SÓ O SUFICIENTE PARA ELES SOBREVIVER.

(APÓS DIZER ISSO SAI, JUNTO COM ELE SUA FILHA MAIS NOVA)

(TODOS COMEÇAM A GRITAR, A COMEMORAR A VITÓRIA, JOÃO VAI EM DIREÇÃO A MARIA)

JOÃO: CONSEGUIMO

(SE ENCARAM E QUANDO ESTÃO PRESTE A SE BEIJAR, OCORRE UMA SURPRESA A CHUVA. TODOS COMEÇAM A PULAR, BRINCAR, COMEMORAR NELA.)

NARRADOR: ESSA É APENAS UMA HISTÓRIA, UMA ENTRE VÁRIAS OCORRIDAS NO SERTÃO, ESTÁ TEVE UM FINAL FELIZ OUTRAS NÃO. ESTÁ SITUAÇÃO CONTINUA A SE REPETIR ATUALMENTE, ONDE A ÁGUA AINDA É INSTRUMENTO DE ANGARIAÇÃO DE VOTO E MANIPULAÇÃO DE PODER, QUANTOS NORDESTINOS AINDA NÃO SOFREM COM A SECA? ESSES SÃO RELEGADOS AO SILÊNCIO E A MARGINALIZAÇÃO.